terça-feira, 12 de novembro de 2013

Arte X Ciência

                  
                   Como dizia a música, "tenho alma de artista"....
 
 
                   Entretanto, ao longo da vida, venho me deparando com situações que colocam a minha alma em conflito. Sim, pois é difícil ter os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Enquanto artista, quer-se ter o direito ao devaneio, mas eles tem seu preço, e é necessário calculá-los. Trabalhando em Lisboa, tempos atrás enquanto arquiteta, a minha primeira formação, me vi sempre precisando ceder à lógica da engenharia. Lembro-me de às vezes, secretamente odiar o escritório de engenharia que nos assessorava, pois fatalmente eles iam mandar engordar alguns pilares, considerando-se os cálculos complicados e complexos que eles faziam, levando em conta, inclusive, possíveis e para mim, impossíveis, sismos. Mas eles tinham razão, e certamente ninguém quereria pagar esta conta.
                   Tempos depois, enquanto Chefe e proprietária de restaurante, deu-se o mesmo, só que neste caso, uma só pessoa vivendo ao mesmo tempo, os dois lados da moeda. Uma versão light e gastronômica do Médico e o Monstro. Mas quem é o mal? Quem neste caso é o vilão? O bad boy ou girl? E penso que isto se vai dizer dependendo de que lado do jogo se jogue. Você é cientista ou artista?
                   Pois bem, eis-me agora, nesta terra nunca antes por mim habitada. A das ciências! E não falo daquela ciência que eu costumava flertar no conforto da minha cozinha estúdio, onde toda forma de devaneio era bem vinda, e se a ciência aparecia ( e aparecia) era muito e principalmente para a permissividade de tais devaneios. Mas agora eu estou do lado do inimigo. Aqueles da engenharia. E lá vai a arquiteta que há em mim, lembrando-se dos velhos tempos, querendo outra vez entrar na guerra. Só que neste caso, eu também estou lá no lado a ser combatido. E então, só me resta entende-los.
                   Ok. É fato que sinto uma pontada no meu coração, quando descubro que os perfumes das rosas produzidas em série foram silenciados, pois o desperdício de energia gasto por elas para a produção do mesmo, é tão grande, que tornaria a sua produção em série extremamente dificultada. E todo mundo quer uma rosa em seu jarro, certo? E quem fala em rosas, fala em tomates, onde o mesmo se passa. Mas há outras situações que devem ser vistas, como por exemplo, a segurança que se tem ao tomar um leite pasteurizado, que foi produzido há milhas de distância de quem o está consumindo. A certeza de que ele não prejudicará nossa saúde pela presença de micróbios, não obstante o fato de ter vindo de longe, é tranquilizador. E se queremos leite das vaquinhas dos Açores, porque não as frutas vermelhas dos países frios e as bananas e papaias do clima tropical?
                  Sabemos que a dualidade nos pertence, e que a globalização nos deu acesso à todas as culturas, e consequente curiosidade e cobiça de produtos exóticos. E também é verdade, que nos dias que se seguem, não é lá muito romântico ir ao campo, pegar espigas de milhos, secá-las, moê-las, pisá-las e fazer a farinha do cuscuz, por exemplo. É tão mais prático pegar um pacotinho daqueles prontos do supermercado, que além do mais, vai ter o mesmo padrão que desejamos e buscamos.
                 Então como resolver este conflito do bem e do mal, do médico e do monstro, do cientista e do artista? Penso que o segredo está em saber contrabalançar, em encontrar o equilíbrio, em deixar que um não apareça em detrimento do outro, para que não se acabe a essência e desempenho brilhante e único de cada um. Pode ser que seja possível, pode ser que não sejamos mais tão consumistas, pode ser que passemos a nos contentar com o que temos ao dispor no nosso quintal. Quem sabe? Mas enquanto não mudamos assim tanto o mundo, vamos aprendendo a respeitar as dualidades. Quem sabe?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ouvir o silêncio...é possível?

                 
                       Qual foi a última vez que você ouviu o silêncio??? Afortunadamente, eu tive este privilégio ao passar o final de semana na Aldeia da Mata Pequena. Adorei o nome, e como sou um bocadinho curiosa fui espreitar do que se tratava realmente. Peguei um autocarro até o Convento de Mafra, e de lá, liguei para Diogo, que gentilmente foi me buscar na parada do autocarro. Apenas 15 minutos de carro separam Mafra da pequena aldeia. E quando digo pequena, quero realmente dizer pequena. A aldeia tem uma população de orgulhosos doze habitantes. Isto mesmo, doze habitantes.

 
                         Essa população, graças à iniciativa do casal Diogo e Ana, extremamente queridos, torna-se maior eventualmente, uma vez que as casinhas da aldeia são disponibilizadas para aluguel, funcionando como um turismo de aldeia. Diogo, um gestor amante da arquitetura, fez um trabalho de formiguinha reconstruindo a aldeia com as principais características saloias, buscando manter a fidelidade do lugar inclusive no mobiliário, mas evidente, dando aos hóspedes um bocadinho de conforto ao incluir, por exemplo, água quente e banheiro.
 
                                              
                 Para que ninguém tenha pressa de nada, tampouco de acordar para o café da manhã, está tudo já colocado primorosamente na geladeira, e chás e café guardados em potinhos dispostos na mesa, para que você mesmo prepare seu café na hora que bem entender. Mas luxo dos luxos, é abrir a porta ao amanhecer, e se deparar com um saquinho de tecido pendurado à porta, onde dentro dele, aguarda para ser devorado, o famoso pão de Mafra, cozido em forno de lenha. Amei! Diogo inclusive me contou, que a fama do pão de Mafra é recente, de "apenas" 70 a 80 anos (mas estamos falando de uma terra de mais de 300 anos, portanto...). Deu-se início através de um senhor que levava o vinho da região para ser vendido pelos lados de Cascais, e sempre levava para ele um pão para sua merenda. Generoso, oferecia às pessoas, que encantadas, começaram a lhe pedir mais. Uma padaria local, pediu que ele lhe levasse destes pães para serem revendidos, e com o sucesso das vendas, resolveu o tal senhor, abrir ele mesmo uma padaria para fazer o famoso pão de Mafra ,que hoje é conhecido aqui por todo mundo.                                                                             

        

     Na aldeia, para quem não estiver com a menor vontade de cozinhar, e acredite-me a preguiça vai colar em você, existe a Tasquinha do Gil, onde são servidos bebidas e petisquinhos deliciosos e, sob encomenda, até alguns pratos como Arroz de Pato. Mas certamente haverá também sempre uma sopinha reconfortante como um caldinho verde, ou uma sopa de tomates. Só não pode chegar tarde, pois a cozinha encerra por volta das 23:00 h. E a Tasquinha do Gil não é exclusiva para hóspedes, pessoas da região também aparecem por lá, para provar das delícias  e possivelmente também para espreitarem a peculiar aldeia de uma rua só.
 
                 Foi certamente uma singular experiência na Casinha da palha, onde fui instalada. Uma casinha quase que de brincadeira, onde em seu sótão de madeira se encontra o quarto, que faz um barulhinho sob os seu pés ao caminhar. um misto de casa de Daniel Boone (alguém se lembra?) e de casa de árvore. Para se divertir e brincar de ser feliz!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Obrigatório comer!!!!!!

                       
        Quando pensamos em comer em Lisboa, não há como fugir da ideia do bacalhau e também do pastel de nata. E eu concordo plenamente que é obrigatório comer estes dois quitutes por aqui, mas.....Primeiramente, diz-se por estes lados que o bacalhau é tão único, que existem 1001 maneiras de o fazer. Portanto, aí já se apresenta um verdadeiro desafio, pois como fazer para escolher entre o Bacalhau à Brás, à Zé do Pipo, à Lagareiro? O Bacalhau espiritual ou o Bacalhau com natas? E as variações do mesmo, como açorda de bacalhau, pastéis de bacalhau, cataplana de bacalhau, bacalhau frito, com todos, e por aí vai. Isto sem falar que se sobrou, no dia seguinte é certo que se fará Roupa Velha, como é chamada a receita que se faz com as sobras de bacalhau, principalmente nos festejos natalinos! Portanto, este obrigatório comer, vai levar um bocadinho de tempo para que se consiga chegar a uma conclusão de qual será a escolha acertada.
                                               Aí então passamos para outro ícone destas terras: O Pastel de Belém! Ou será Pastel de Nata? Bem, a princípio, pode-se pensar que são a mesma coisa. A princípio! Até porque dizer isto em voz alta, certamente será considerado uma heresia, tamanho a paixão que se tem por estes doces. Bem, mas na verdade, os pastéis de nata originais, começaram a ser fabricados em Belém, pelos clérigos do Mosteiro dos Jerônimos, bem próximo à Torre de Belém, e são por isto, os únicos que podem levar este nome, com uma receita secretíssima que é patenteada. O segredo da receita é levado tão a sério, que os mestres pasteleiros são obrigados a assinar um termo de responsabilidade e prestarem um juramento para a não divulgação da receita, feita, fala-se, da mesma forma que se fazia em 1837. Mas basicamente, a diferença entre os dois, está no fato de os Pastéis de Belém (os tais originais) não levarem natas na sua confecção, ao passo que os demais distribuídos pelas inúmeras pastelarias de Lisboa, levam este ingrediente.
 
 
                      Ok, os Pastéis de Belém são uma instituição, mas os demais Pastéis de Nata, também são alvo de um concurso que elege qual o melhor Pastel de Nata da cidade. Este concurso é realizado todo ano, durante a famosa e bela feira Gastronômica que acontece por aqui, chamada Peixe em Lisboa, recheada dos Tops Chefs da terra, portanto é coisa muito séria. Este ano, pelo segundo ano consecutivo, o Oscar de Melhor Pastel de Nata foi para a Pastelaria Aloma, provando que Campo de Ourique é mesmo o bairro gastronômico por excelência aqui em Lisboa!
 
                   E como os Pastéis de nata são mesmo quase um cartão postal da cidade, e uma unanimidade por aqui, ele agora aparece não só nas Pastelarias, mas anda dando as caras em locais mais inusitados. Na estação do metrô do Marquês do Pombal, por exemplo, estão os também já premiados pastéis de nata da ótima Casinha do pão, geralmente com seu belo carrinho estrategicamente colocado bem ao final da tarde, e mesmo na passagem dos transeuntes que saem apressados (e já esfomeados) do metrô, para que eles não possam resistir a esta delícia. Aja tentação!
 
                                       Ainda falando neles (porque este docinho tem mesmo muito o que se falar) já existe por aqui uma franquia chamada Natas. A ideia deste franchising é de levar para os quatro cantos do mundo este sabor tão marcante da gastronomia portuguesa, seja para acalmar a alma dos filhos da terra distantes, seja para difundir esta tradição em forma de doce de uma forma democrática.  Esta receita, vale dizer, também foi uma receita vencedora de uma prova cega realizada aqui em Lisboa.  Lá porque é um docinho, ele não deve ser levado a sério?               
 
Bem, então já se sabe que não se pode mesmo vir a Lisboa e deixar de lado estas duas imagens marcantes da gastronomia portuguesa. Difícil vai ser escolher entre as opções que cada um deles oferece. E mais difícil ainda será, quando se descobrir que para além destes dois ícones, existem mais 1002 esperando para serem provados! Mas quem precisa de pressa em se tratando de provar cultura em forma de comida? Bom apetite!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Memórias gustativas.....

                                   
                        A primeira vez que vim a Lisboa, nos anos 90, eu era uma arquiteta recém formada, atravessando o Atlântico, para, como tantos outros, tentar "a sorte" por estas terras lusas. Infelizmente, não nos é dado um manual de instruções, e de repente, você se vê bombardeada com tanta informação, que torna-se difícil processar todas elas. Eu pensava que Portugal era quase Brasil, talvez pelo fato de falarmos a mesma língua. Mas, mesmo a mesma língua, nem sempre chega a ser a "mesma língua". O acento português é muito diferente. O sotaque luso muitas vezes me deixou fora da conversa, pois nem sempre conseguia compreender todos os "s", todos o "sc" (piscina, que se lê quase pixina) e muito mais! Foi difícil, pá! E em se tratando de comida, muitos termos não tem absolutamente nada a ver, e podemos facilmente pedir uma coisa, e receber uma outra. Vejam só: O que é meia de leite? E prego? E tosta? E galão?
 
 
                                              Pois! Para quem não entendeu nada, aí tem uma foto de galão (café com leite no copo americano, pois na xícara é meia de leite) com torradas (pois a nossa torrada em Natal, aqui chama-se tosta). E o prego, definitivamente nos restaurantes, são mais do que aqueles pedacinhos de ferro para pregar coisas. Aqui ele pode vir no prato ou no pão, e pode comer sem medo, pois é nada mais que um bife. Ah! E já agora (como se diz por aqui) sanduíche é sandes! E tem sandes de tudo!!!!! Além das tradicionais de queijo, presunto (que aqui é fiambre, presunto é presunto cru) tem também sandes de "panado" (um bife à milanesa), sandes de omelete, e por aí vai...
 
 
 
                                              Talvez porque, mesmo vindo trabalhar como arquiteta naquele tempo, eu sempre estive de olho nas panelas, me lembro perfeitamente do primeiro prato que comi aqui, no almoço "de negócios" que eu participei para que se tratasse do meu futuro em terras lusas. Devo confessar que naquela época, estava mais curiosa em decifrar o cardápio do simpático restaurante em Alvalade do que em saber o salário que eu receberia. Até porque, eu não tinha a menor idéia do que era o escudo, a moeda vigente na época, nem quanto ela valeria em relação à moeda brasileira, que já nem lembro de qual se tratava. Assim, curiosa, decidi-me por um bife de espadarte, sem ter a menor noção do que era, mas porque tinha como acompanhamento couves de Bruxelas, e eu lembrava de ter visto este legume em histórias infantis, e morria de curiosidade em prova-los!

 
                                       Eu A-D-O-R-E-I! Adorei o bife de espadarte (espadarte é um peixe, só não sei porque dizem bife, mas também não sei porque chamamos filé de peixe) e as couves de Bruxelas, que a mim pareciam mini repolhos, também não me decepcionaram. Além de que, sempre gostei de frescurinhas, e achei as couves de Bruxelas uma coisa linda. Por muito tempo, as couves de Bruxelas marcaram presença no meu prato na hora do almoço. Depois, em momentos em que a vida por aqui ficou um pouco difícil (quem disse que é fácil ser imigrante?), as couves de Bruxelas também amargaram na minha boca. E parti para outras aventuras gastronômicas.
 
 
                                       Nunca mais as comi, mas ultimamente tenho pensado nelas com uma certa saudade. Pergunto-me se das couves propriamente ditas, ou se da primeira memória gastronômica em terras lisboetas. Se do primeiro olhar curioso sobre tudo que ainda iria se descortinar perante meus olhos e meu paladar, se de um tempo que o meu mundo ainda era muito pequenininho. Talvez eu as prove de novo. Talvez não. Talvez eu  apenas deixe que seu gosto fique guardado, colado na imagem do meu primeiro olhar curioso sobre as ementas portuguesas. Afinal, muito ainda há que se provar!
  
 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Verde que te quero verde...

                         
                         Quando meu amigo Luiz Paulo me ligou para fazer uma caminhada com ele ao final da tarde, aceitei de imediato, pois ultimamente, não perco uma oportunidade de fazer algum tipo de exercício, para diminuir a culpa (e quem sabe o peso) das minhas comilanças. Ele me avisou que iríamos até Monsanto. Acreditei que era uma espécie de pegadinha, pois no meu imaginário, Monsanto, este enorme parque dentro de Lisboa, estava a milhas de distância da minha casa. apesar disso, aceitei, preferi acreditar que ele ainda queria voltar para casa vivo comigo ao lado.
 
 
                                   Para meu espanto, existe logo por trás do Parque Eduardo VII, portanto em cima do meu apartamento, uma espécie de trilha, muito bem montada, que segue verdadeiramente até Monsanto, por meio de praças, passadeiras elevadas e grandes prédios. Fantástico! E olha, a distância não chega a ser assim tão grande como imaginei a princípio.
 
 
                                    Fiquei particularmente surpreendida por ter visto, no meio de uma praça, uma horta, extremamente bem cuidada, com muitos legumes e verduras sendo cultivados. Ali, em pleno espaço público. Fiquei curiosa, e Luiz me explicou que trata-se de um projeto da prefeitura de hortas comunitárias. A-D-O-R-E-I!
 

 
 
                                   Estas hortas comunitárias são, para mim, uma ideia fantástica. É um projeto onde pessoas da comunidade com baixa renda, concorrem por uma área pré-determinada, e a partir de então passam a ter o direito de explorar este pedacinho de terra para fazer sua produção.

 
                                   As pequenas mudinhas são então distribuídas, e nestes espaços ociosos dentro da cidade, inicia-se o cultivo das mesmas, fazendo com que muitas famílias tenham acesso a uma alimentação barata e sobretudo saudável, por serem orgânicas. Achei realmente uma ideia fantástica, dessas que merecem ser copiadas! Eu adoraria vê-la ser executada em todo lado.
 
 

                                        Numa simples caminhada, ideias são apresentadas ao vivo e a cores! E eu acho extremamente enriquecedor, estas pequenas surpresas surgirem apenas ao virar uma esquina! Basta estar atento!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Segunda Feira.....

                            Ontem eu fui ao FreePort com meu amigo Paulo. O Freeport é um outlet, o maior da Europa, com multi marcas a preços bem mais acessíveis. Para lá chegar, tem-se que atravessar a lindíssima ponte Vasco da Gama. Encontrei coisinhas muito interessantes, pois lá tem a loja da Vista Alegre, fabricante de porcelanas, líder no mercado português. Não se encontram as coleções mais recentes, mas já se tem uma bela mostra de produtos interessantes a preços convidativos. Claro que para os não viciados em talheres, pratos e restauração de uma forma geral, existem as outras lojas, Carolina Herrera, Versace, etc..., mas cada um se diverte como gosta e sai de lá muito feliz com os meu talheres novos para o restaurante.

 
 
                                         Depois das comprinhas feitas, fomos em busca de um cafezinho de fim de tarde. A primeira parada foi numa Cafeteria no Cais da Pedra em Santa Apolônia. Paulo me informou que ela é muito boa, e a área, às margens do Tejo, é recheada de restaurantes de "grife" o que realmente me faz acreditar que deve ser mesmo verdade. Infelizmente, esta mistura de cafeteria e delicatessen estava fechada.
 
 
                                           Sem desistir do nosso cafezinho, decidimos ir então à Boulangerie by Stef, uma padaria francesa em plena baixa lisboeta, que pertence a uma parisiense, que saudosa dos croissants e dos pain au chocolate, decidiu por abrir uma padaria e que Paris podia ser aqui. Ao menos através dos sabores dos seu pães, fabricados com manteiga vindo diretamente da França. O pain au chocolate ficou na vontade, pois a Boulangerie estava...fechada!
 

 
                                  Como o nosso desejo de tomar café só aumentava, decidimos pular para outro francês, o Poisson d'Amour, em pleno Príncipe Real, que é famoso pela sua pastelaria tradicional francesa, e lamentavelmente, pela arrogância do serviço, assim me confessaram. Mas, estávamos para perdoar tudo, e apenas tomar um cafezinho acompanhado de uma delícia de qualquer nacionalidade.E não é que até a Poisson d'Amour também estava fechada? Logo no dia em que estávamos predispostos a um perdão do serviço em nome do bem comer? Maria Antonieta vingou-se de nós, e como não podíamos comer pão, fomos tentar comer brioches....
 
 
                              A próxima parada, foi na Praça das Flores, numa cafeteria menos pomposa, uma vez que fomos percebendo que todas as cafeterias simples de bairro estavam com as suas portas bem escancaradas para todos. Café simples, docinhos apenas ok, mas a satisfação em ter conseguido cumprir com a nossa missão. Inclusive a de descobrir, que às vezes as segundas feiras são mesmo para serem apenas....segundas feiras, com a simplicidade que ela tem de se seguir a um domingo imponente, marcado em vermelho nos calendários, e geralmente até festivos. E com um simples gosto de café na boca, começamos a semana......Boa semana!
 
 
 
                                  
 
 

terça-feira, 9 de julho de 2013

LX Factory....fábrica de gênios!

                                         O LX Factory                        

                              Foi no ano de 1846 que a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, um dos mais importantes complexos fabris de Lisboa, se instalou em Alcântara. Esta área industrial que por muito tempo permaneceu escondida, foi revitalizada, como uma verdadeira fábrica de ideias, onde se mistura cultura, arte, moda, música e gastronomia em grande estilo. E foi neste pedacinho de Lisboa que se instalaram alguns restaurantes geniais desta terra.
 
                             O Taberna 1300, é chefiado pelo brilhante Nuno Barros, que esteve à frente do taberna 2780 em Oeiras. Os números são uma brincadeira em relação ao código postal de cada área, e essa irreverência não fica apenas no nome. O lugar é extremamente lúdico, desde a sua decoração, até o seu menu, quer seja na forma como descreve os pratos (variações de queijos, bolo de noz e mais umas coisas), como pela própria confecção dos mesmos (granizado de melão, chouriço em pó, espuma de batata). Um lugar para se apreciar em todos os sentidos.

 
                                          Ao ladinho do restaurante, fica o Mercado 1143, desta vez, buscando o ano de fundação do país como inspiração. Os produtos são tipicamente portugueses, e a casa, que pertence aos proprietários do Taberna, promete fazer uma prova dos 900 anos de sabores desta terra, privilegiando os produtos locais e pequenos produtores. Eu diria que isto é puro luxo!
 
 
                             Também no LX Factory, se encontra a charmosa cantina. Um lugarzinho bem maior, com vários ambientes, e com um forno de lenha enorme bem ao centro do salão. Neste forno, são confeccionados grande parte dos pratos que ali são servidos, desde o pão, até as costeletas de cordeiro e o polvo à lagareiro. Delícia total!
 
 
                           Aos domingos, acontece sempre uma feirinha com um mix de produtos que vão desde objetos de decoração, até tortinhas caseiras, para ir se comendo enquanto se passeia pelas inúmeras portas, que vão nos levando a um mundo maravilhoso de perfumes e delícias. A música não fica de fora, acontecendo sempre muitos concertos gratuitos, assim como aí também fica instalado o charmosíssimo espaço para workshops e cursos de gastronomia, Kiss the Cook. Para você abraçar o chef de cozinha que existe em você, sem medo de ser feliz. Porque aqui, todos os dias a gente aprende que isto é possível!
 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Para se mirar....Miradouros.

                               Reza a lenda, que Lisboa foi construída sobre sete colinas. É provável que esta idéia tenha vindo dos romanos, que viam na então Olisipo ou Felicitas Julia, como Lisboa era chamada, características semelhantes à Roma. Se eram ou não sete colinas, fato que alguns discutem, a lenda ficou, e afortunadamente, o ato de mirar sobre algumas delas. É fantástico que uma lenda (e evidentemente uma posição geográfica específica) tenha criado uma ocupação que muitos turistas e felizes lisboetas gostam de ter: vislumbrar a cidade apreciando seus altos e baixos.
 
 
                                Muitos se aperceberam desta ocupação e digamos, deram assim, uma forçinha, para que ela suba a outro nível. Assim os miradouros foram criados com seus quiosques, suas esplanadas de mesinhas espalhadas ao sol e claro, por que não, confortáveis espreguiçadeiras onde se pode ficar a beber um bom vinho. Fico assim pensando que foi aqui que se cunhou o termo "ócio criativo". Nem será necessário lembrar que em se tratando de vinhos, essa terra pode realmente lhe deixar bêbado, e neste caso não estou falando apenas em relação às vistas surpreendentes, mas do líquido de Baco, propriamente dito. Tudo por uma boa causa....
                                
                                  
                                   Talvez o mais emblemático dos Miradouros, o Castelo de São Jorge está situado na mais alta destas Colinas e dele pode-se apreciar a Baixa lisboeta com seu traçado característico e também o magnífico Rio Tejo, com todo o respeito que ele merece, palco de antigas aventuras marítimas deste povo do mar. Na descida, é fácil e também agradável, perder-se nas ruazinhas de Alfama, um daqueles bairrozinhos pitorescos que parecem mesmo sido montados para fotos de cartão postal, com seus varais de roupas orgulhosas levando sol. Alí, topa-se com um outro Miradouro, que eu particularmente adoro, careegados de memórias felizes, que é o Miradouro de Santa Luzia.

 
                                      O Miradouro de Santa Luzia, tem também o seu Café e é um luxinho só, com suas pérgulas cheias de sombra e dois belíssimos painéis de azulejo da Viúva Lamego. E vamos combinar que aqui, azulejos também são parte da história. Pode-se chegar a ele também de uma forma muito romântica, pelo famoso elétrico 28, que passa o dia inteiro ziguezagueando pelas ladeiras acima e abaixo.
                                      Do Miradouro de Santa Catarina, observa-se os telhados dos casarios da freguesia de São Paulo, e os bairros da Madragoa, adoro este nome, e também da Lapa, com vistas noturnas de se encantar.
 
 
                                 Neste miradouro, domina a figura de Adamastor, a figura monstruosa descrita por Camões em "Os Lusíadas". De novo, pura história.... Chega-se a ele a partir do Cais do Sodré, pelo elevador da Bica, outro daqueles passeios a não se perder. e você faz a opção entre ficar na esplanada do Adamastor, sem medo daa citações de Camões, ou descer um pouquinho mais pelas escadarias e ir até o Noobai, outro Café que fica aberto até às 10 da noite.
 
 
                               Para olhar do lado de cá o Castelo de São Jorge, nenhum lugar lhe dar uma vista tão linda como o Miradouro de Sâo Pedro de Alcântara. Seu Café oferece refeições rapidinhas como saladas e sandes (sanduíches) de salmão defumado e não só. A música aí é sempre muito boa, e é comum estar tocando bossa nova. Isso só dificulta conseguir se levantar e ir por exemplo, ao Museu do Vinho, que fica bem próximo daí.
 
 
                               O Miradouro de São Pedro de Alcântara está em pleno Bairro Alto, portanto, numa zona de eterna efervesção de bares e restaurantes. Lindo para se ver à noite, as luzes do Castelo. Vindo-se da baixa, da Avenida da Liberdade, chega-se mais descansado pelo elevador da Glória.
 
 
                                 E como se não bastassem as sete colinas, que proporcionam naturalmente lugares de vistas maravilhosas, aqui se levou tão a sério o verbo mirar, que outros miradouros foram criados. Assim, basta-se subir também ao Elevador de Santa Justa, sempre com fila, em plena baixa lisboeta, para mirar a cidade de outro ângulo, assim como os mais afastadinhos do centro, mas cartões postais na mesma, como o no Padrões do Descobrimento, ou mesmo na Torre de Belém.....
 
 
                                          Então, pegue a sua taça de vinho, ou se achar que pode ser uma overdose de beleza, prescinda dela e deixe-se apenas embriagar pelas vistas lisboetas. Onde quer que você esteja......
 
 
 
 

                                          

sábado, 25 de maio de 2013

Bife é coisa séria......

                                Nesta terra, o Bife está por todo lado. A começar pela expressão "Tás feito ao bife", que é algo como dizer que alguém está em apuros, com problemas. É uma expressão tão corriqueira, que virou também nome de restaurante, o Feito ao Bife, em São João do Estoril, e claro, tem como especialidade o bife, de muitas formas e até mesmo como o tradicional Bitoque.
                                O Bitoque, aliás, é aquele prato semelhante ao PF (Prato Feito) brasileiro, unanimidade nos restaurantes do dia a dia espalhados nesta terra, pois dificilmente um lisboeta pode se dar ao luxo de ir almoçar à casa. O Bitoque consiste num Bife, acompanhado de batatas fritas e um ovo estrelado por cima. Em alguns casos, acompanha também arroz e por vezes também uma saladinha. Eu adoro um bitoque!!!!
                                    A mesma expressão, serviu também de inspiração para um programa televisivo. Assim existe o Feitos ao Bife na TV, onde neste caso, bifes nenhum são comidos, mas os concorrentes passam por inúmeras provas de talentos....talvez para que se veja quem estará "feito ao bife", caso não cumpra com o que lhe foi atribuído....
 
                                     E quando o assunto é o bife propriamente dito, é fácil se encontrar discussões sobre o tema, ranking elegendo os melhores, os clássicos dos clássicos, os molhos que os recobrem, suas histórias e seus segredos, e até existem as homenagens. Por exemplo, num restaurante que eu conheço, um dos pratos passou a levar o nome de um cliente assíduo que pedia sempre o seu bife com muito alho esmagado. E ele passou a constar do cardápio com o nome do simpático Senhor, o "Bife à Durão" . E aí está a prova.....Seu Durão, queridíssimo, já partiu, mas eternizou o seu nome em forma de bife. E dos bons!!!!
 
                                   No quesito diferente, eu voto no Bife na pedra, este aqui considero uma excelente solução para acabar com a aflição dos Chefs de cozinhas que tentam acertar o ponto dos bifes dos clientes que não conseguem se definir em relação aos mesmos. Assim, o bife vai cru para a mesa, rodeado de temperinhos e com guarnições, e junto sobre uma tábua de madeira, chega uma pedra extremamente quente, onde o próprio cliente vai "passando" o seu bife. Genial!!!!!!
 
 


                                   Bem, com tantas maneiras de se olhar para um simples bife, a minha sugestão é degustá-los e dar a sua nota de forma a participar deste animado ranking.  Não faltarão restaurantes maravilhosos  para visitar, e geralmente com porções bem generosas! Bom apetite.....

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Vamos ao supermercado?

                                   Muita gente pode achar este o pior programa do mundo, mas o que eu posso dizer? Eu me delicio ao fazê-lo. Acho que um supermercado conta nas suas prateleiras a história de um lugar, e evidente para mim, isto vai além das histórias, porque fico me deliciando antevendo os inúmeros preparos que se pode sair dos produtos expostos. Mas isso é coisa de cozinheira. Independente disto, existem supermercados que são uma verdadeira festa para os olhos, e oferecem um cem número de produtos já manipulados para facilitar a vida de pessoas menos ítimas com as panelas, ou para os que não tem muito tempo para preparar uma refeição.
                                   Aqui, encontra-se supermercados para todos os gostos e bolsos. Alguns enormes, para se perder lá dentro, outros intimistas, de bairro e evidente os templos de consumo gourmet, onde se encontra praticamente tudo de todos os lugares do mundo. è uma viagem sem que se pegue um trem ou avião. Tá tudo ali. Dos supermercados pequeninos, tem o Mini Preço, que é mesmo dos mais baratinhos, sem grandes pretensões, mas organizadinhos, às vezes muuuuito apertados, mas que são os que se recorre para coisinhas simples do dia a dia, a preços bem mais modestos.
                                   Outro na categoria "de bairro" é o Pingo Doce, mas já se encontra alguns bem maiores, onde se pode achar alguns produtos mais diferenciados, o seu próprio "talho" (açougue) e produtos da sua própria linha, como as sopas, inúmeros salgados e uma rotisserie. Mesmo assim, são supermercados com preços competitivos e em algumas áreas da cidade eles ainda são tão pequenos e estreitinhos como o Mini Preço.
                               Um bem maior, que está também nos shoppings Vasco da Gama e Colombo, que já são na categoria hiper mercados, é o Continente. No Continente encontra-se também a parte de livros, decoração, cama e mesa, jardinagem, roupas, portanto, muito mais que alimentação. Mas o máximo é que disponibilizam também uma área gourmet, cheia daquelas frescurinhas de encher os olhos e não só, sem contar na imensa garrafeira, onde se encontra bebidas de toda parte do globo.
                                E tem o meu queridinho, o El Corte Inglês. Este é um supermercado gourmet, com muitos produtos diferenciados, seções distintas de produtos orgânicos imensas, área de pescado com tanques de lagostas vivas, uma seção de pães e pastelaria francesa artesanal, e por aí vai...Claro que estas formosuras tem seu preço. E tudo neste supermercado é bem mais caro que em qualquer outro, mesmo os ítens mais comuns que se encontram em outro lado. Facilmente se gasta bem, até porque, vai-se andando sem se dar conta na infinidade de opções apresentadas.
                                    E para ficar melhor, aqui tem também uma lojinha para os amantes do bem comer, o Club del Gourmet. Se o supermercado é uma tentação, espere até entrar na loja, com seus balcões de chocolates (Godiva, tá claro), suas seções de chás e geléias, de massas de todas as cores e formatos, de patês de foie grass com pimentas, sem pimentas, com blinis pequenos e médios, e espumantes e champagnes de enlouquecer. É bom se conter, pois tudo aqui se gasta uns bons euros fácil, fácil. Mas é quase um joguinho de lego. Junta isso com aquilo e voilá....você tem um jantar divinal. É mesmo uma delícia fazer supermercado nesta terra.